Avaliação econômica e energética da distribuição direta do etanol hidratado no estado de São Paulo
DOI:
https://doi.org/10.14295/transportes.v23i4.990Palavras-chave:
distribuição, etanol hidratado, economia de transportes, SIG, custo, energia.Resumo
A presente pesquisa tem como objetivo investigar os ganhos econômicos e energéticos da distribuição direta do etanol hidratado no estado de São Paulo. Entende-se por distribuição direta a entrega da destilaria ao posto de abastecimento, sem passar compulsoriamente por uma base de distribuição de combustíveis por determinação legal. Na avaliação dos cenários foi desenvolvido um modelo de custo e outro de gasto energético. Os resultados do modelo dos custos da cadeia de distribuição mostram um ganho potencial da ordem de 47% sobre o modelo de distribuição atual. Esse valor de ganho potencial corresponde a aproximadamente 3% do valor de venda do álcool hidratado na bomba de combustível dos postos de abastecimento e, provavelmente, não tem impacto sobre a demanda do produto. Há que se considerar, também, que a viabilidade técnica da entrega direta depende da implementação de novas estruturas de armazenagem nas destilarias, o que implicaria uma redução na estimativa desse ganho potencial, num período inicial de amortização de investimentos. Por outro lado, o ganho estimado em reais é da ordem de R$ 260 milhões/ano, o que, uma vez amortizados os investimentos em armazenagem, representa um valor anual significativo se a alternativa de distribuição direta fosse implementada e repassada para o consumidor final do produto. Com relação ao gasto energético, os resultados apresentam uma estimativa de ganho da ordem de 470 mi de MJ por ano, um ganho de 28% sobre o consumo atual. Comparando os valores de gasto energético encontrados nesta pesquisa com outros valores divulgados na literatura para a mesma etapa da cadeia, observa-se que, de um lado não existe um consenso entre os autores sobre a ordem de grandeza deste valor, e de outro, o valor do gasto energético da cadeia de distribuição é relativamente pequeno quando comparado com o consumo energético dos outros estágios da cadeia de produção da cana-de-açúcar. Por outro lado, o ganho anual corresponde à ordem de grandeza de emissão de gases de efeito estufa de uma cidade de pequeno porte com aproximadamente 40 mil habitantes.
Downloads
Referências
Álvares Junior, O. M.; Linke, R. R. A. (2001). Metodologia Simplificada de Cálculo das Emissões de Gases do Efeito Estufa de Frotas de Veículos no Brasil. CETESB. São Paulo, 2001.
Andreoli, C.; Pimentel, D.; Souza, S. P. (2012). Net energy balance and carbono footprint of biofuel from corn and sugarcane. In: Pimentel, D. (ed.). Global economic and environmental aspects of biofuels. CRC Press, Boca Raton. 221-248.
ANP (2013). Relação de bases de distribuição de combustíveis líquidos autorizadas a operar: planilha eletrônica - atualizado em setembro de 2013. Disponível em: www.anp.gov.br. Acesso em: (05/09/2013).
ANP (2013a). Anuário estatístico brasileiro do petróleo gás natural e biocombustíveis. Rio de Janeiro.
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (2008). Bioetanol de cana-de-açucar: energia para o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro. 312 p.
BRASIL. Ministério das Minas e Energia (2013a). Balanço energético nacional 2013: ano base 2012 – relatório síntese. Brasília, DF; Rio de Janeiro: EPE. 55 p.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2013b). Relação das unidades produtoras cadastradas no Departamento da Cana-de-açucar e Agronergia. Disponível em: www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/Desenvolvimento_Sustentavel/Agroenergia/Orientacoes_Tecnicas/Usinas%20e%20Destilarias%20Cadastradas/DADOS_PRODUTOES_20_03_2012.pdf. Acesso em: (12/08/2013).
Boddey, R. M.; Soares, L. H. B.; Alves, B. J. R., Urquiaga, S. (2008). Bio-ethanol production in Brazil. In: Pimentel, D. (ed.). Biofuels, solar and wind as renewable energy systems. Springer, New York. p. 331-356.
CALIPER (2006a). TransCAD transportation GIS software: user’s guide. Caliper Corporation, Newton. 804 p.
Camelini, J. H.; Castillo, R. (2012). Logística e competitividade no circuito espacial produtivo do etanol no Brasil. Boletim Campineiro de Geografia, v. 2, n. 2, p. 262-278.
EIA (2013). Monthly energy review. Washington, DC. 201 p. il. Disponível em: www.eia.gov/ totalenergy/data/ monthly/pdf/mer.pdf. Acesso em (12/08/2013).
EPA (2013). Draft inventory of US greenhouse gas emissions and sinks: 1990–2011. Washington, DC. 470 p.
Goldemberg, J.; Coelho, S. T.; Guardabassi, P. (2008). The sustainability of ethanol production from sugarcane. Energy Policy, v. 36, n. 6, p. 2086-2097. DOI:10.1016/j.enpol.2008.02.028
LMC International (2008). Ethanol Quarterly: Q3. Disponível em: www.lmc.co.uk/Biofuels_and_ Biomass-LMC_Ethanol_Market_Report. Acesso em: (27/02/2013).
Lopes, M. B.; Silva, A. L.; Conejero, M. A. (2010). Fluxos e poder nos canais de distribuição de etanol carburante: um estudo qualitativo no Estado de São Paulo. Revista de Administração, v. 45, n. 4, p. 356-372.
Macedo, I. C.; Seabra, J. E. A.; Silva, J. E. A. R. (2008). Green house gases emissions in the production and use of ethanol from sugarcane in Brazil: the 2005/2006 averages and a prediction for 2020. Biomass and Bioenergy, v. 32, n. 7, p. 582–595. DOI:10.1016/j.biombioe.2007.12.006
Menezes, R. C.; Rodrigues, T. S.; Vazquez, M. G. C. (2013). Implementação da Solução de Integração da Cadeia de Suprimentos de Etanol. Anais do 17 SAP Forum Brasil, SAP, São Paulo.
Oliveira, M. E. D.; Vaughan, B. E.; Rykiel, E. J. (2005). Ethanol as fuel: energy, carbon dioxide balances, and ecological footprint. BioScience, v. 55, n. 7, p. 593-602. DOI:org/10.1641/0006-3568(2005)055 [0593: EAFECD]2.0.CO;2
Pimentel, D.; Patzek, T. W. (2008). Ethanol production: energy and economic issues related to US and Brazilian sugarcane. In: Pimentel, D. (ed.). Biofuels, solar and wind as renewable energy systems. Springer, Dordrecht. cap. 14, p. 357-371.
SÃO PAULO (2012). Estatística de tráfego: volume médio diário (VDM). Departamento de Estradas e Rodagem. Secretaria de Logística e Transportes, São Paulo. Disponível em: http://200.144.30.103/vdm/SFCG_Concessionaria.asp?CodRodovia=. Acesso em: (10/09/2013).
SÃO PAULO (2013). Anuário Estatístico de Energéticos por Município no Estado de São Paulo – 2012. Secretaria de Energia , São Paulo.
SIFRECA (2013) Mercado de fretes. Disponível em: http://esalqlog.esalq.usp.br/sifreca/. Acesso em: (10/09/2013).
Triana, C. A. R. (2011). Energetics of Brazilian etanol: Comparison between assessment approaches. Energy Policy, Surrey , v. 39, n. 8, p. 4605-4613. DOI:10.1016/j.enpol.2011.05.001
UNICA (2013). UNICAData. Disponível em: www.unicadata.com.br /histórico-de-produção-e-moagem.php?idMn=32&tipoHistorico=4. Acesso em: (12/02/2013).
Yoshizaki, H. T. Y.; Muscat, A. R. N.; Biazzi, J. L. (1996). Decentralizing ethanol Distribution in Southeastern Brazil. Interfaces, Catonsville, v. 26, n. 6, p. 24-34. DOI.org/10.1287/inte.26.6.24
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Ao submeter um manuscrito para publicação neste periódico, todos os seus autores concordam, antecipada e irrestritamente, com os seguintes termos:
- Os autores mantém os direitos autorais e concedem à Revista TRANSPORTES o direito de primeira publicação do manuscrito, sem nenhum ônus financeiro, e abrem mão de qualquer outra remuneração pela sua publicação pela ANPET.
- Ao ser submetido à Revista TRANSPORTES, o manuscrito fica automaticamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution, que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e da publicação inicial neste periódico.
- Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada neste periódico (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento da publicação inicial nesta revista, desde que tal contrato não implique num endosso do conteúdo do manuscrito ou do novo veículo pela ANPET.
- Os autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) depois de concluído o processo editorial. Como a Revista TRANSPORTES é de acesso livre, os autores são estimulados a usar links para o site da Revista TRANSPORTES nesses casos.
- Os autores garantem ter obtido a devida autorização dos seus empregadores para a transferência dos direitos nos termos deste acordo, caso esses empregadores possuam algum direito autoral sobre o manuscrito. Além disso, os autores assumem toda e qualquer responsabilidade sobre possíveis infrações ao direito autoral desses empregadores, isentando a ANPET e a Revista TRANSPORTES de toda e qualquer responsabilidade neste sentido.
- Os autores assumem toda responsabilidade sobre o conteúdo do trabalho, incluindo as devidas e necessárias autorizações para divulgação de dados coletados e resultados obtidos, isentando a ANPET e a Revista TRANSPORTES de toda e qualquer responsabilidade neste sentido.